Icarus, Contemplation & Dream (english subtitles) - Ícaro, Contemplação & Sonho.

Icarus, Contemplation & Dream is a documentary film where Michelangelo explains how he discovered himself trapped inside Eurico Poggi's mind. The remembering of Vittoria Colonna's death reveals the link between the two minds. The developments search for a way out of the emotional turmoil.

Icaro, Contemplação e Sonho é um documentário onde Michelangelo explica como ele se descobriu preso na mente de Eurico Poggi. A lembrança da morte de Vittoria Colonna revela a ligação que existe entre as duas mentes. A saída da tormenta emocional aconteceu através de uma pesquisa na arte.

sábado, 1 de outubro de 2011

1991 (Footage 12 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles)

1991/96 (Footage 12 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles) from MichelAngelo BuonaRoti on Vimeo.


Trecho do livro "Ícaro, Contemplação & Sonho":
Mas, logo nos primeiros meses de 1991, circulando pela noite do Rio, na maioria das vezes apenas para ter com quem conversar, acabei me envolvendo com uma garota. Na primeira noite em que ficamos juntos, ela co- meçou a me relatar um problema médico recente. Assim que ela disse que, no momento, não tinha como engravidar, eu me vi num sonho em que a Mônica me dizia exatamente isso. Logo notei que a Mônica desse sonho era uma descrição resumida dessa garota. Fiquei intrigado com tantas semelhanças e comecei a puxar pela mente mais detalhes desse sonho.
Quando essa garota me falou de um “relatório do ginecologista”, eu levei um choque e, em silêncio, me sentei na cama. A percepção de já ter visto essa cena num sonho com a Mônica, em 1983, me deixou confuso. Sentia como se estivesse diante da Mônica real! Após as primeiras palavras dela descrevendo o diagnóstico médico, eu quase completei o restante do texto que ela, meio trôpega, lembrava. Eu sabia qual era o problema médico pelo qual ela estava passando! Eu já a tinha visto explicando-se para mim, em sonho, havia 8 anos!
Foi uma sensação tão mágica, tão impressionante, que apressadamente deduzi que essa garota era a Vittoria Colonna! Mas logo entendi que ela também não poderia ser a Vittoria porque havia muitos outros sonhos com a Mônica cujas narrativas não tinham como ser associadas a ela naquele momento, ou posteriormente. Imediatamente, emergiu a ideia de que os sonhos de 1983 com a Mônica real descreviam diferentes mulheres em diferentes momentos no futuro. Essa compreensão, mesmo sem um segundo caso de confirmação, foi extremamente libertária dos fantasmas das interpretações em que eu supunha um destino inescapável com a Mônica real.
Comecei a conjecturar, também, que talvez a Mônica representasse apenas a projeção de um processo psíquico que eu estava vivendo, e apenas na minha mente tudo encontra- ria sentido. Porém, o reconhecimento da natureza premonitória desse sonho abriu um novo horizonte e me fiz uma pergunta fundamental: “Será que os sonhos de 1983 me conduziriam até a verdadeira Vittoria Colonna em algum ponto no futuro?”.

domingo, 21 de agosto de 2011

1991 (Footage 11 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles)

1991 (Footage 11 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles) from MichelAngelo BuonaRoti on Vimeo.


Trecho do livro "Ícaro, Contemplação & Sonho":
1991 — PAINKILLER
O início de 1991 foi o momento de maior solidão e desorientação de que me lembro. Certa noite, na minha rotina vazia, passei pela entrada do Maracanã quando voltava do Méier. Ao ver a multidão, lembrei que já acontecia o Rock in Rio II. Eu procurava ignorar certos entretenimentos pelo simples fato de não ter dinheiro. Mas, ao chegar em casa nesse dia, liguei a televisão e sem querer assisti um trecho do show de uma banda de rock dos anos 1970 chamada Judas Priest, da qual sempre gostei.
A música, intitulada Painkiller, uma das minhas favoritas, e as cenas do público gritando me acertaram em cheio no coração. Senti-me tão agredido pelo que minha vida havia se tornado que nem sei como não destruí tudo o que havia no meu quarto, na mesma hora, e no meu ateliê, no dia seguinte. Difícil descrever tamanha solidão.
Quero deixar bem registrado esse momento. Nesse ponto, achei que destruiria a minha vida de alguma forma, só faltava mesmo escolher como. Por causa de uma experiência transcendente em 1983, amplamente confirmada por registros históricos, eu não sabia o que ser, como ser e o que fazer com uma arte que expressava apenas porque sentia saber. Não havia ambiente nem dinheiro para ser escultor. E eu não queria ser escultor. Queria apenas verificar a minha identidade de forma clara. Depois disso, não tinha a menor ideia do que iria fazer na vida.

domingo, 17 de julho de 2011

1988-90 (Footage 10 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles)

1988-90 (Footage 10 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles) from MichelAngelo BuonaRoti on Vimeo.


Trecho do livro Ícaro, Contemplação & Sonho:
…e trocar de roupa, a empregada, Joaninha, me confirmou tudo o que deduzi da cena no jantar de meu aniversário. Ela relatou as conversas de meus pais, mas me garantiu que meu pai tinha se recusado terminantemente a cortar a minha semanada, apesar da insistência diária de minha mãe para que fizesse isso.

1988 — O FORMIGA
E assim começou o ano de 1988: eu contando o dinheiro da passagem e do lanche, sem um único amigo ou qualquer relacionamento real, ignorando o “Velho Amigo”, indo e voltando do Méier de ônibus. Perambulava pelas ruas do Rio de madrugada, às vezes sem um tostão no bolso, procurando conversa com alguma garota que me atraísse.
Frequentava todas as portas de inferninhos imagináveis e, quando economizava algum, realizava o sonho de entrar, o que já melhorava o status diante das meninas. Com o dia amanhecendo, podia acontecer o impossível.
Foi exatamente nesse ponto que comecei a viver como o “Formiga”, o tamanduá-bandeira descrito no sonho do Henrique, em 1983. Apenas para lembrar, o significado simbólico da imagem do “Formiga” é descrever “aquele que se alimenta de pequenos femininos”, ou “de pequenos casos amorosos”, ou “de pequenos contatos com o sexo feminino”. Mas eu ainda estava longe de começar a entender a exata natureza dos sonhos de 1983 com a Mônica real.
Aos poucos, fui aprendendo a andar sozinho na noite do Rio de Janeiro. Não havia escolha mesmo. Difícil dizer o que era mais perigoso. Arma de bandido na cara, em alguma viagem de ônibus, era normal. Mas cheguei a tomar tapa na cara e soco no estômago ao ser revistado pela Polícia Militar. Depois, passei a observar melhor as pessoas ao meu redor e conseguia saltar dos ônibus antes dos assaltos. Quanto aos policiais, esses eram mais difíceis de evitar e também fui assaltado por eles.
Enquanto isso, no ateliê, decidi que só retomaria o trabalho na estrutura de madeira depois que tivesse mapeado geometricamente todo o modelo de gesso do Ícaro. E passei a dividir o meu tempo entre a torturante rotina com compassos e escalas e uma metódica análise geométrica das informações que encontrava. Todas as medidas eram cuidadosamente anotadas em desenhos técnicos visando o futuro trabalho de ampliação do Ícaro na estrutura de madeira.
Nessa época, 1988, comecei um trabalho de escultura que batizei de Apolo. A minha pretensão com o Apolo era a criação de uma imagem emblemática da minha arte. Queria definir um corpo no espaço cujo movimento fosse um enunciado geral das possibilidades que eu já vinha desenvolvendo havia algum tempo. Se o sentido geométrico do Ícaro buscava um diálogo visual com o Escravo Rebelde, o Apolo deveria ser uma síntese da minha identidade artística atual, absolutamente livre de qualquer referência do passado em termos de movimento do corpo no espaço.
Eu procurava esboçar figuras o máximo possível e anotava tudo o que me passava pela cabeça sobre a arte que fazia. Nas idas e vindas de ônibus para o Méier, trânsito sempre engarrafado, nunca deixava de andar com pequenos blocos de desenho. Assim, um mundo de possibilidades de corpos no espaço foi sendo descoberto. Esse mundo estava a um passo de ser todo encaixado numa grande cena da Ressurreição.
Esses anos foram os mais vazios de minha vida. A interrupção do trabalho na estrutura de madeira, a falta de perspectiva em relação a arte, a verificação da minha identidade e o desgaste da solidão trouxeram a dúvida e o desequilíbrio emocional. Sem o clima de “arrebatamento divino” dos dois primeiros anos, passei a agredir a mim mesmo e tudo à minha volta. Chegava ao ateliê, ou ao meu quarto, e começava a quebrar tudo.

sábado, 11 de junho de 2011

1986/87 (Footage 9 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles)

1986/87 (Footage 9 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles) from MichelAngelo BuonaRoti on Vimeo.
 

Trecho do meu livro "Ícaro, Contemplação & Sonho":

1986 — MADONAS E SAGRADAS FAMÍLIAS
O traço continuava se transformando, refinando a anatomia, num ritmo próprio, impermeável a qualquer esforço consciente, sempre dentro das mesmas temáticas. Eu sentia haver nessas temáticas um universo infinito de ideias e composições por ser descoberto. Eram problemas artísticos que eu havia pesquisado muito na minha outra vida, e não tinha tido a liberdade de me expressar por causa deste ou daquele cânone religioso. Logo de imediato, saí desenhando e modelando Madonas pelo puro prazer de investigar a relação entre as imagens da mãe e do filho e aprofundar o discurso teológico sobre a transcendência cristã. Imagens da iconografia religiosa da vida italiana ocupavam a mente e me traziam lembranças pontuais, como um esboço de me-
mória que fiz de um desenho que o Leonardo da Vinci certa vez apresentou ao público e fiquei tomado de inveja dele.
Era tanta ideia anotada em papéis diversos que nem sabia o que fazer depois. Talvez eu só
quisesse mesmo pensar o tema novamente. Hoje, observando com distanciamento o que produzi, a minha conclusão é uma só: bastam as séries de desenhos de Madonas e Sagradas Famílias para a minha identidade artística ficar provada fisicamente. É intimidade demais com composições tão complexas.
O meu entusiasmo com toda essa temática religiosa não tem como ser explicado a não ser por pura expressão daquilo que fui na outra vida. Como alguém que amadureceu suas referências culturais na praia, praticando surfe, vendo revistas e filmes de surfe e sem jamais escutar uma única explicação sobre o significado místico-religioso das representações de Madonas e Sagradas Famílias poderia dominar essa arte assim? Como?

sábado, 7 de maio de 2011

1984/86 (Footage 7 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles)

1984/86 (Footage 7 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles) from MichelAngelo BuonaRoti on Vimeo.
The battle between the normal logic of being and the madness that I was involved in took place. The result of this battle is the wood structure called Icarus (this sculpture was created to allow me an accurate comparison with the Rebel Slave), where I found a lot of 3-dimensional qualities defining my natural identity with Michelangelo

sábado, 23 de abril de 2011

1983/2 (Footage 6 from Icarus, Contemplation & Dream)

1983/2 (Footage 6 from Icarus, Contemplation & Dream) from MichelAngelo BuonaRoti on Vimeo.
 
Link para compra do livro "Ícaro, Contemplação & Sonho":
http://www.publit.com.br/store/product_info.php?products_id=1215
Post de lançamento do livro (ASCENSIO MARIAE):
http://icarocontemplacaoesonho.blogspot.com/2011/01/o-livro-esta-venda-ascensio-mariae.html

Trecho do livro: Em meio a esse contexto pessoal caótico, ainda tinha que solucionar a minha situação acadêmica. Meu pai jamais apoiaria o abandono da faculdade. Cheguei para a primeira aula de projeto de pré-tese pensando em como me livrar o mais rápido possível do curso. A professora me perguntou que tipo de trabalho eu pretendia fazer. Respondi que era monitor de audiovisual e que gostava muito de fotografia. Ela insistiu em uma resposta que definisse a área que eu gostaria de seguir na vida. E fui sincero:
— Cinema.
Imediatamente, ela me conduziu na direção da outra pessoa que também havia dado a mesma resposta: um cara chamado Henrique. Eu me lembrava do sujeito justamente por causa da aula de audiovisual. Um detalhe no audiovisual dele havia me chamado a atenção: uma música muito bizarra, dos Beatles, chamada Revolution 9.
Numa reapresentação do meu Ícaro, Contemplação & Sonho, junto com o trabalho dele, escutei o refrão psicodélico dessa música. Uma voz lunática repetia sem parar: “Number nine”, “Number nine”, “Number nine”, “Number nine”. A minha atenção aos números 6 e 9 ainda era forte e isso me soou, na ocasião, como uma mensagem. Lembro-me de que foi assim que passei a associar a transformação do meu desenho às “vozes” do dia do roubo da prancha no 6, em fevereiro de 1979. Mas eu era indiferente a esse Henrique.

quarta-feira, 2 de março de 2011

1983/1 (Footage 5 from Icarus, Contemplation & Dream)

1983/1 (Footage 5 from Icarus, Contemplation & Dream) from MichelAngelo BuonaRoti on Vimeo.

Olá, pessoal
Não tem natal, ano novo, nada. Para mim, todas as datas comemorativas não passam de ordem unida de uma sociedade bêbada de artificialidades para suportar o próprio porre semanal de vazio existencial. Não pensem na própria alma em espelhos eventuais e nem meditem sobre nada do que escrevo aqui, pois não quero ser acusado de incentivo aos prováveis suicídios. Vamos torcer pelas abstrações tradicionais, pelas abstrações da sua faixa etária (de acordo com seu grupo social, claro) e mentalizar os resultados das pesquisas de marketing para entendermos a vida! Façam isso, sim! A felicidade está, sim, na imagem social porque os mistérios da condição humana só podem ser compreendidos com incontáveis viagens ao exterior. Pelo menos, é isso o que muitos sugerem, entre arrotos ensaiados de suas próprias superficialidades. "Aquilo que eles consideram realidade humana se esgota nos valores de consumo do outro, da sociedade!… PQP… Como podem viver assim?… Não… Não é possível… Isso deve ser só para manter a imagem… Só pode ser…", me espanto, sempre.
Como eu poderia voltar à realidade da vida presente, e ir torcer no maracanã, por exemplo, carregando um fardo de vivências que pulveriza a minha percepção do agora? Como??? No último post, eu apresentei a transcendência que me conduz através do tempo e que, até hoje, não apresentou uma única oscilação em seu desconcertante sentido. Mesmo quando eu lutava contra a ideia de "ser" Michelangelo Buonarroti e lutava para "ser" Carlos Eurico Poggi, julgando tudo pela lógica rasa da vida em sociedade, nunca deixei de notar quão infantil é a ilusão coletiva que rege o jogo de aparências. E sempre me perguntava: "Como conseguem acreditar nessas padronizações? Expectativas materiais e desejos codificados traduzem toda a natureza humana??? PQP!!!". Não me admira que tudo acabe sendo explicado por sensações químicas e realizações biológicas.
Meus pontos de contato com o mundo exterior não podem mais ser vividos dentro da ordem unida da sociedade. Por mais que eu descreva as experiências que vivi no absurdo ano de 1983, nem de longe vou conseguir mostrar o esfacelamento da realidade que enfrentei, e continuo enfrentando, por ter a vida ocupada pela transcendência que se mostrou inteira para mim até dezembro daquele ano. A última definição que escutei sobre o meu caso – "estigma religioso" – é mais uma tentativa de redução a normalidades conhecidas. Contudo, não poderia fechar a semana dedicada à Vittoria Colonna sem voltar àquele começo de semestre. Os momentos que antecederam a lembrança da Vittoria na banca de jornal da Rua Real Grandeza foram meus últimos minutos como "Carlos Eurico Poggi" ainda dentro do cenário de sua vida original. Nunca vou esquecer do que eu pensava e da firmeza dos meus passos na calçada que, sepultando a estranha arte renascentista vinda do nada, optava pelo rumo seguro da vida conhecida.
Até aquele final de fevereiro, quando finalmente eu descobri um livro que atestava a verdade da minha emoção ao lembrar da morte da Vittoria (não há como ter certeza que eu tenha encontrado esse livro exatamente em 25 de fevereiro), por mais experiências estranhas que já tivesse vivido, nunca tinha perdido o foco da realidade do mundo e suas urgências materiais. Naquele momento, porém, como explicar a mim mesmo as crises de choro pela simples pronúncia do nome Vittoria Colonna? Crises de choro que, 17 anos depois, ainda ocorreram! Como explicar apenas este transtorno emocional? Não havia consciência mundana que pudesse resistir a descontroles sem origem na presente vida. Não havia consciência mundana que não percebesse a lógica de algo que transcende, sem nenhum esforço da imaginação, a ordem do mundo.
No último post, eu expliquei o absurdo que tenho vivido ao falar que "existiu" um "Carlos Eurico Poggi", em outro "universo possível", cuja vida nada teve a ver com a minha atual. Sei que isto soa como arrependimento das "escolhas" que fiz na vida, mas não é. (Diante da lembrança da Vittoria e suas consequências emocionais, vocês acham que eu tinha escolha???). Se hoje estou à vontade para revelar algo tão controverso como esta minha percepção, sobre um suposto "Carlos Eurico Poggi" original e sua suposta vida original, ignorando a lógica óbvia da nossa existência, só posso estar sendo movido por experiências que comprovam o que estou dizendo.
Em 1983, depois da lembrança da Vittoria em fevereiro, aconteceu o segundo ponto-chave desta minha história. Três meses depois, eu abordei a tal Mônica por causa da identificação da Vittoria que ela havia provocado em mim. Assim que expressei para ela uma ideia que transcendia o tempo normal de uma vida humana – quando afirmei conhecê-la há 400 anos – começou a sequência de visões e sonhos premonitórios que revelavam a nova trajetória para a vida do "Carlos Eurico Poggi". Até hoje, não houve uma única falha na sequência dos "momentos-futuros" traduzidos de forma simbólica naquelas visões e sonhos premonitórios. Como só faltam três "momentos-futuros" por acontecer (o antepenúltimo começou em 2008), cujo tempo de duração não tem como ser previsto (o "momento-futuro" mais curto durou dois anos e o mais longo, dez), não há mais como duvidar de nada daquilo que vivi nos anos 1980.
Uma compreensão mais profunda não sugere a minha condenação a um exato determinismo, ou destino, mas a um círculo vicioso movido pela ilusão de viver a vida normal do "Carlos Eurico Poggi". A minha realidade íntima estava congelada na emoção pela Vittoria, e as visões e sonhos premonitórios apresentavam "momentos-futuros" em que a solução para esta situação apareceria diante de mim. Esta solução, do enigma emocional representado pela Vittoria Colonna, era contar para todo mundo o que aconteceu comigo, em 1983, que me levou ao caminho da arte. O descongelamento da minha realidade íntima dependia de eu me aceitar por inteiro. A apresentação como o próprio Michelangelo Buonarroti vivendo através da vida do infeliz "Carlos Eurico Poggi" era o remédio amargo diário que eu teria que estar engolindo desde então. O arrependimento que existe em mim é não ter começado a fazer isto antes de ver a destruição que seria imposta pela vida a todas as minhas iniciativas nos últimos 20 anos.
Diante deste texto, duvido que aqueles, com um mínimo de inteligência e sensibilidade, ainda possam achar que existe alguma loucura no que estou fazendo hoje. Estou apenas agindo de acordo com a minha realidade íntima, cujo sentido mostrou-se inabalável por décadas, por mais que eu a tenha atacado com as ideias de livre-arbítrio e acaso que a sociedade mundana nos impõe como verdades absolutas.
Como compreensão definitiva, acho que nunca existirá regras ou leis que padronizem a existência humana. Jamais haverá como entender tudo o que acontece conosco. E nem devemos tentar.