1991 (Footage 11 from Icarus, Contemplation & Dream - english subtitles) from MichelAngelo BuonaRoti on Vimeo.
Trecho do livro "Ícaro, Contemplação & Sonho":
1991 — PAINKILLER
O início de 1991 foi o momento de maior solidão e desorientação de que me lembro. Certa noite, na minha rotina vazia, passei pela entrada do Maracanã quando voltava do Méier. Ao ver a multidão, lembrei que já acontecia o Rock in Rio II. Eu procurava ignorar certos entretenimentos pelo simples fato de não ter dinheiro. Mas, ao chegar em casa nesse dia, liguei a televisão e sem querer assisti um trecho do show de uma banda de rock dos anos 1970 chamada Judas Priest, da qual sempre gostei.
A música, intitulada Painkiller, uma das minhas favoritas, e as cenas do público gritando me acertaram em cheio no coração. Senti-me tão agredido pelo que minha vida havia se tornado que nem sei como não destruí tudo o que havia no meu quarto, na mesma hora, e no meu ateliê, no dia seguinte. Difícil descrever tamanha solidão.
Quero deixar bem registrado esse momento. Nesse ponto, achei que destruiria a minha vida de alguma forma, só faltava mesmo escolher como. Por causa de uma experiência transcendente em 1983, amplamente confirmada por registros históricos, eu não sabia o que ser, como ser e o que fazer com uma arte que expressava apenas porque sentia saber. Não havia ambiente nem dinheiro para ser escultor. E eu não queria ser escultor. Queria apenas verificar a minha identidade de forma clara. Depois disso, não tinha a menor ideia do que iria fazer na vida.
Trecho do livro "Ícaro, Contemplação & Sonho":
1991 — PAINKILLER
O início de 1991 foi o momento de maior solidão e desorientação de que me lembro. Certa noite, na minha rotina vazia, passei pela entrada do Maracanã quando voltava do Méier. Ao ver a multidão, lembrei que já acontecia o Rock in Rio II. Eu procurava ignorar certos entretenimentos pelo simples fato de não ter dinheiro. Mas, ao chegar em casa nesse dia, liguei a televisão e sem querer assisti um trecho do show de uma banda de rock dos anos 1970 chamada Judas Priest, da qual sempre gostei.
A música, intitulada Painkiller, uma das minhas favoritas, e as cenas do público gritando me acertaram em cheio no coração. Senti-me tão agredido pelo que minha vida havia se tornado que nem sei como não destruí tudo o que havia no meu quarto, na mesma hora, e no meu ateliê, no dia seguinte. Difícil descrever tamanha solidão.
Quero deixar bem registrado esse momento. Nesse ponto, achei que destruiria a minha vida de alguma forma, só faltava mesmo escolher como. Por causa de uma experiência transcendente em 1983, amplamente confirmada por registros históricos, eu não sabia o que ser, como ser e o que fazer com uma arte que expressava apenas porque sentia saber. Não havia ambiente nem dinheiro para ser escultor. E eu não queria ser escultor. Queria apenas verificar a minha identidade de forma clara. Depois disso, não tinha a menor ideia do que iria fazer na vida.